A doença renal crônica (DRC) é caracterizada por lesões estruturais irreversíveis nos rins e declínio progressivo da função renal, resultando em diferentes alterações metabólicas nos pacientes. Os rins não apenas são responsáveis pela filtração dos componentes sanguíneos, como também: realizam balanço hídrico do organismo; produzem hormônios importantes como a eritropoetina, renina e vitamina D3; regulam o pH sanguíneo e eliminam toxinas e substâncias oriundas do metabolismo, inclusive medicamentos. Dessa forma, a perda da função renal pode ocasionar sintomas como: perda de peso progressiva, perda de apetite, vômitos, diarréia e aumento nos volumes de urina e de ingestão de água.
O que pode causar ou perpetuar a lesão renal?
Doenças infecciosas como: erlichiose (doença do carrapato), leptospirose, leishmaniose, Fiv/Felv e PIF; piometra e sepse; nefro e urolitíases; neoplasias, infecções recorrentes no trato urinário inferior; baixa ingestão de líquidos; pressão arterial sistêmica elevada; patologias endócrinas como hiperadrenocorticismo, hipertireoidismo, hipotireoidismo e diabetes mellitus; uso excessivo de antiinflamatórios, principalmente os não esteroidais (AINES); intoxicação por plantas e medicamentos nefrotóxicos; doença periodontal; cardiopatias e até mesmo predisposição genética e racial.
Como identificar?
Quanto mais precocemente a DRC for identificada, maiores são as chances de intervir nos fatores que aumentam a progressão da doença e, assim, proporcionar maior longevidade com qualidade de vida ao paciente.
A creatinina ainda é o marcador mais utilizado para detectar a DRC, no entanto, além de ser um marcador tardio (só aumenta quando há perda de 75% da função renal), pode estar alterada por outros fatores como massa muscular e taxa de filtração glomerular. A uréia também é utilizada como marcador, mas é também necessário cautela na interpretação dos resultados, pois pode estar alterada por fatores como jejum, dietas e hepatopatias. Exame de imagem, como a ultrassonografia, também pode indicar lesões estruturais relacionadas à perda de função. Além disso, outros exames como: análise da urina, hemograma, dosagem de eletrólitos e hemogasometria venosa são fundamentais para o diagnóstico e estadiamento da DRC.
Atualmente, existe também o SDMA, que além de ser mais específico que a creatinina, é capaz de identificar precocemente a perda da função renal.
Qual a importância do tratamento especializado?
É de extrema importância estabelecer condutas terapêuticas a fim de melhorar a qualidade de vida, retardar a progressão da doença, aumentar a expectativa de vida e reduzir as complicações inerentes a sua evolução.
O atendimento especializado em nefrologia tem o objetivo de identificar precocemente a DRC, realizar o estadiamento e identificar e monitorar fatores que possam contribuir para a progressão da doença. Posteriormente, implementar uma terapia individualizada que possibilite reduzir a progressão da DRC e, consequentemente, melhorar a qualidade de vida e aumentar a longevidade do paciente.
Anne Elise Pinto Berenger – Nefrologia Veterinária